Remédios para coronavírus (COVID-19): aprovados e em estudo
Atualmente não são conhecidos remédios capazes de eliminar o novo coronavírus do organismo e, por isso, na maior parte dos casos, o tratamento é feito apenas com algumas medidas e medicamentos capazes de aliviar os sintomas da COVID-19.
Os casos mais leves, com sintomas semelhantes aos da gripe comum, podem ser tratados em casa com repouso, hidratação e uso de remédios para febre e analgésicos. Já os casos mais graves, em que surgem sintomas mais intensos e complicações como pneumonia, precisam ser tratados em internamento no hospital, muitas vezes em Unidades de Tratamento Intensivo (UTI), para garantir, principalmente a administração adequada de oxigênio e o monitoramento dos sinais vitais.
Remédios aprovados para o coronavírus
Os remédios que se encontram aprovados para o tratamento do coronavírus, pela Anvisa e pelo Ministério da Saúde, são aqueles capazes de aliviar os sintomas da infecção, como:
- Antipiréticos: para diminuir a temperatura e combater a febre;
- Analgésicos: para aliviar as dores musculares por todo o corpo;
- Antibióticos: para tratar possíveis infecções bacterianas que possam surgir junto com a COVID-19.
Estes remédios só devem ser utilizados sob orientação de um médico e, embora estejam aprovados para o tratamento do novo coronavírus, não são capazes de eliminar o vírus do organismo, sendo apenas usados para aliviar os sintomas e melhorar o conforto da pessoa infectada.
Remédios que estão sendo estudados
Além dos remédios que ajudam a aliviar os sintomas, vários países estão desenvolvendo estudos em pacientes infectados, para tentar identificar um medicamento capaz de eliminar o vírus do organismo.
Os remédios que estão sendo estudados não devem ser usados sem orientação de um médico, nem como forma de prevenção da infecção, já que podem causar vários efeitos colaterais e colocar a vida em risco.
A seguir apresentamos uma lista dos principais medicamentos sendo estudados para o novo coronavírus:
1. Remdesivir
Este é um remédio antiviral de amplo espetro que foi desenvolvido para o tratamento da epidemia do vírus Ebola, mas que não apresentou resultados tão positivos quanto outras substâncias. No entanto, devido à sua ampla ação contra vírus, está sendo estudado para entender se pode apresentar melhores resultados na eliminação do novo coronavírus.
Os primeiros estudos feitos em laboratório com este remédio, tanto nos Estados Unidos [1] [2], como na China [3], mostraram efeitos promissores, uma vez que a substância foi capaz de impedir a replicação e multiplicação do novo coronavírus, assim como de outros vírus da família coronavírus.
No entanto, antes de poder ser aconselhado como forma de tratamento, este medicamento precisa passar por vários estudos com humanos, para se entender qual a sua verdadeira eficácia e segurança. Dessa forma, existem, neste momento, cerca de 6 estudos que estão sendo feitos com um número elevado de pacientes infectados por COVID-19, tanto nos Estados Unidos, como na Europa e no Japão, mas os resultados só deverão ser liberados em Abril, não existindo, para já, comprovação de que o Remdesivir possa, de fato, ser utilizado de forma segura para eliminar o novo coronavírus em humanos.
Atualização 29 de Abril 2020:
Segundo uma investigação feita pela Gilead Sciences [8], nos Estados Unidos, o uso de Remdesivir em pacientes com COVID-19 parece apresentar os mesmos resultados num período de tratamento de 5 ou 10 dias, sendo que em ambos os casos os pacientes têm alta do hospital em cerca de 14 dias e a incidência de efeitos colaterais também é baixa. Este estudo não indica qual o grau de eficácia do medicamento para eliminar o novo coronavírus e, por isso, outros estudos continuam sendo feitos.
Atualização 16 de Maio 2020:
Um estudo feito na China em 237 pacientes com efeitos graves da infecção COVID-19 [15] relatou que os pacientes tratados com este remédio apresentaram uma recuperação um pouco mais rápida em relação aos pacientes de controlo, com uma média de 10 dias em relação aos 14 dias apresentados pelo grupo de tratado com um placebo.
Atualização 22 de Maio 2020:
O relatório preliminar de outra investigação feita nos Estados Unidos com o Remdesivir [16] também apontou que o uso deste medicamento parece reduzir o tempo de recuperação em adultos internados, assim como diminuir o risco de infecção do trato respiratório inferior.
2. Dexametasona
A dexametasona é um tipo de corticoide muito utilizado em pacientes com problemas respiratórios crônicos, como a asma, mas que também pode ser usado em outros problemas inflamatórios, como artrite ou inflamação da pele. Este medicamento tem sido testado como forma de reduzir os sintomas da COVID-19, já que pode ajudar a diminuir a inflamação no organismo.
De acordo com um estudo sendo feito no Reino Unido [18], a dexametasona parece ser o primeiro medicamento testado a reduzir bastante a taxa de mortalidade de pacientes em estado grave com a COVID-19. Segundo os resultados do estudo, a dexametasona conseguiu diminuir em até ⅓, a taxa de mortalidade após 28 dias da infecção pelo novo coronavírus, especialmente em pessoas que estão precisando ser assistidas com ventilador ou a fazer administração de oxigênio.
É importante lembrar que a dexametasona não elimina o coronavírus do corpo, ajudando apenas a aliviar os sintomas e evitar complicações mais graves.
Atualização 19 de Junho 2020:
A Sociedade Brasileira de Infectologia recomendou o uso de dexametasona por 10 dias para o tratamento de todos os pacientes com COVID-19 internados na UTI com ventilação mecânica ou que precisam de receber oxigênio. No entanto, o corticoide não deve ser usado em casos leves nem como forma de prevenção da infecção [19].
3. Hidroxicloroquina e cloroquina
A hidroxicloroquina, assim como a cloroquina, são duas substâncias que são utilizadas no tratamento de pacientes com malária, lúpus e alguns outros problemas de saúde específicos, mas que ainda não são considerados seguros em todos os casos de COVID-19.
Estudo realizados na França [4] e na China [5], mostraram efeitos promissores da cloroquina e hidroxicloroquina na redução da carga viral e na diminuição do transporte do vírus para o interior das células, reduzindo a capacidade do vírus para se multiplicar, proporcionando, por isso, uma recuperação mais rápida. Porém, estes estudos foram realizados em amostras pequenas e nem todos os testes foram positivos. Saiba mais sobre o uso de hidroxicloroquina para tratar o coronavírus.
Para já, segundo o Ministério da Saúde do Brasil, a cloroquina apenas pode ser utilizada em pessoas internadas no hospital, durante 5 dias, sob observação permanente, para avaliar o surgimento de possíveis efeitos colaterais graves, como problemas cardíacos ou alterações na visão.
Atualização 4 de Abril de 2020:
Um dos estudos que estão a decorrer, com o uso combinado de hidroxicloroquina com o antibiótico azitromicina [9], em França, apresentou resultados promissores, num grupo de 80 pacientes, com sintomas moderados da COVID-19. Neste grupo, foi identificada uma diminuição acentuada da carga viral do novo coronavírus no organismo, após cerca de 8 dias de tratamento, que é inferior à média de 3 semanas apresentada por pessoas que não fizeram qualquer tipo de tratamento específico.
Nesta investigação, dos 80 pacientes estudados, apenas 1 pessoa acabou por falecer, pois teria sido admitida no hospital numa fase bastante avançada da infecção, o que poderá ter dificultado o tratamento.
Estes resultados continuam a apoiar a teoria de que o uso de hidroxicloroquina pode ser uma forma segura de tratar a infecção por COVID-19, especialmente nos casos de sintomas leves a moderados, além de diminuir o risco de transmissão da doença. Ainda assim, é necessário esperar pelo resultado de outros estudos que estão a ser realizados com o medicamento, para obter resultados com uma amostra de população maior.
Atualização 23 de Abril de 2020:
O Conselho Federal de Medicina do Brasil aprovou o uso da Hidroxicloroquina em associação com a Azitromicina a critério do médico, em pacientes com sintomas leves ou moderados, mas que não necessitem de internamento na UTI, em que foram descartadas outras infecções virais, como Influenza ou H1N1, e confirmado o diagnóstico de COVID-19 [12].
Assim, devido à falta de resultados científicos robustos, esta combinação de medicamentos só deve ser utilizada com o consentimento do paciente e com recomendação do médico, após avaliação dos possíveis riscos.
Atualização 22 de Maio de 2020:
De acordo com um estudo feito nos Estados Unidos com 811 pacientes [13], o uso de Cloroquina e Hidroxicloroquina, associadas, ou não, à azitromicina, não parece ter efeitos benéficos no tratamento da COVID-19, parecendo, até, duplicar a taxa de mortalidade dos pacientes, uma vez que estes medicamentos aumentam o risco de problemas cardíacos, especialmente arritmia e fibrilhação atrial.
Até o momento, este é o maior estudo feito com hidroxicloroquina e cloroquina. Uma vez que os resultados apresentados vão contra o que tem vindo a ser afirmado sobre estes medicamentos, mais estudos continuam sendo necessários.
Atualização 25 de Maio de 2020:
A Organização Mundial da Saúde (OMS) suspendeu temporariamente as pesquisas com hidroxicloroquina que coordenava em vários países. A suspensão deverá ser mantida até que a segurança do medicamento seja reavaliada.
Atualização 30 de Maio de 2020:
Estado de Espírito Santo, no Brasil, retirou a indicação do uso de cloroquina nos pacientes com COVID-19 em estado grave.
Além disso, procuradores do Ministério Público Federal de São Paulo, Rio de Janeiro, Sergipe e Pernambuco pedem suspensão da normativa que indica o uso da hidroxicloroquina e cloroquina no tratamento dos pacientes com COVID-19.
Atualização 4 de Junho de 2020:
A revista "The Lancet" retirou a publicação do estudo feito com 811 pacientes que demonstrava que o uso de hidroxicloroquina e cloroquina não apresentavam efeitos benéficos para o tratamento da COVID-19, por dificuldade em aceder ao dados primários apresentados no estudo.
Atualização 15 de Junho de 2020:
A FDA, que é o principal órgão regulador de medicamentos dos Estados Unidos, retirou a permissão de emergência para o uso de cloroquina e hidroxicloroquina no tratamento da COVID-19 [17], dando como justificação o elevado nível de risco do medicamento e os aparentes baixos potenciais para o tratamento do novo coronavírus.
4. Mefloquina
A mefloquina é um medicamento indicado para a prevenção e tratamento da malária, em pessoas que pretendem viajar para áreas endêmicas. Fundamentando-se em estudos que foram feitos na China e em Itália[6], está a ser estudado na Rússia, um esquema terapêutico em que a mefloquina é combinada com outros medicamentos, para verificar a sua eficácia no controle da doença COVID-19, mas ainda não existem resultados conclusivos.
Assim, o uso da mefloquina para o tratamento da infecção pelo novo coronavírus ainda não é recomendado porque são necessários mais estudos para comprovar a sua eficácia e segurança.
5. Ivermectina
A ivermectina é um vermífugo indicado para o tratamento da infestação por parasitas, que provocam problemas como oncocercose, elefantíase, pediculose (piolhos), ascaridíase (lombrigas), escabiose ou estrongiloidíase intestinal e que, recentemente mostrou resultados muito positivos na eliminação do novo coronavírus, in vitro.
Um estudo realizado na Austrália, testou a ivermectina no laboratório, em culturas de células in vitro, tendo-se verificado que esta substância foi capaz de eliminar o vírus SARS-CoV-2 em 48 horas [7]. Porém, são necessários ensaios clínicos em humanos, para verificar a sua eficácia in vivo, assim como a dose terapêutica e segurança do medicamento, o que se prevê que aconteça num período entre 6 a 9 meses.
Atualização 2 de Julho 2020:
O Conselho Regional de Farmácia de São Paulo (CRF-SP) lançou uma nota técnica [20] em que afirma que o medicamento ivermectina mostra ação antiviral em alguns estudos in-vitro, mas que mais investigações são necessárias para considerar que a ivermectina pode ser usada de forma segura em humanos contra a COVID-19.
Dessa forma, orienta que a venda de ivermectina só deve ser feita com apresentação de prescrição médica e dentro das doses e tempos orientados pelo médico.
Atualização 10 de Julho 2020:
Segundo uma nota de esclarecimento liberada pela ANVISA [22], não existem estudos conclusivos que comprovem o uso da ivermectina para o tratamento da COVID-19, sendo que o uso do medicamento para tratar a infecção pelo novo coronavírus deve ser da responsabilidade do médico que está orientando o tratamento.
Além disso, os primeiros resultados liberados por um estudo feito pelo Instituito de Ciências Biomédicas (ICB) da USP [23], mostram que a ivermectina, embora seja capaz de eliminar o vírus de células infectadas em laboratório, também provoca a morte dessas células, o que pode indicar que esse remédio pode não ser a melhor solução de tratamento.
6. Tocilizumabe
O tocilizumabe é um medicamento que diminui a ação do sistema imune e que, por isso, é normalmente utilizado no tratamento de pacientes com artrite reumatoide, para diminuir a resposta imune exacerbada, reduzindo a inflamação e aliviando os sintomas.
Este medicamento está sendo estudado para auxiliar no tratamento da COVID-19, principalmente nas fases mais avançadas da infecção, quando existe um grande número de substâncias inflamatórias sendo produzidas pelo sistema imunológico, que podem agravar o quadro clínico.
Segundo um estudo feito na China [10] em 15 pacientes infectados com COVID-19, o uso de tocilizumabe demonstrou ser mais eficaz e causar menos efeitos colaterais, comparativamente aos corticoides, que são os medicamentos geralmente utilizados no controle da inflamação gerada pela resposta imune.
Ainda assim, mais estudos precisam ser realizados, para entender qual a melhor dose, determinar o esquema de tratamento e descobrir quais os possíveis efeitos colaterais.
Atualização 29 de Abril de 2020:
De acordo com um novo estudo feito na China com 21 pacientes infectados com COVID-19[14], o tratamento com tocilizumabe parece ser capaz de reduzir os sintomas da infecção logo após a administração do medicamento, diminuindo a febre, aliviando a sensação de aperto no peito e melhorando os níveis de oxigênio.
Este estudo foi feito em pacientes com sintomas graves da infecção e sugere que o tratamento com tocilizumabe deve ser iniciado o mais rápido possível quando o paciente passa de uma situação moderada para uma situação grave de infecção pelo novo coronavírus.
7. Plasma convalescente
O plasma convalescente é um tipo de tratamento biológico em que é retirado, de pessoas que já estiveram infectadas pelo coronavírus e que estão recuperadas, uma amostra de sangue que, depois, passa por alguns processos de centrifugação para separar o plasma dos glóbulos vermelhos. Por fim, esse plasma é injetado na pessoa doente, para ajudar o sistema imunológico a combater o vírus.
A teoria por trás deste tipo de tratamento é de que os anticorpos que foram produzidos pelo corpo da pessoa que esteve infectada, e que ficaram no plasma, podem ser transferidos para o sangue de outra pessoa que ainda está com a doença, ajudando a fortalecer a imunidade e facilitando a eliminação do vírus.
Segundo a Nota Técnica nº 21 liberada pela Anvisa, no Brasil, o plasma convalescente pode ser utilizado como tratamento experimental em pacientes infectados com o novo coronavírus, desde que sejam seguidas todas as regras de Vigilância Sanitária. Além disso, todos os casos que fizerem uso do plasma convalescente para o tratamento da COVID-19 devem ser reportados para a Coordenação-Geral de Sangue e Hemoderivados do Ministério da Saúde.
8. Avifavir
O Avifavir é um medicamento produzido na Rússia que tem como princípio ativo a substância favipiravir, que segundo o Fundo Russo de Investimento Direto (RDIF) [21] é capaz de tratar a infecção por coronavírus, tendo sido incluído nos protocolos de tratamento e prevenção da COVID-19 na Rússia.
De acordo com os estudos sendo feitos, em 10 dias, o Avifavir não apresentou novos efeitos colaterais e, em 4 dias, 65% dos pacientes tratados apresentaram teste negativo para a COVID-19.
Opções de remédios naturais para o coronavírus
Até o momento não existem remédios naturais comprovados para eliminar o coronavírus e ajudar na cura da COVID-19, no entanto, a OMS reconhece que a planta Artemisia annua poderá ajudar no tratamento [11], especialmente em locais em que o acesso a medicamentos é mais difícil e a planta é utilizada na medicina tradicional, como acontece em várias regiões da África.
As folhas da planta Artemisia annua são utilizadas tradicionalmente em África para ajudar no tratamento da malária e, por isso, a OMS reconhece que é válida a necessidade de se fazerem estudos para entender se a planta também poderá ser usada no tratamento da COVID-19, uma vez que alguns medicamentos sintéticos contra a malária também têm apresentado resultados promissores.
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